Thursday, December 28, 2006

Proposta do Dia


Laurence Equilbey já escreveu o seu nome na história da discografia. O coro que ajudou a fundar e com o qual tem sempre trabalhado, neste momento, nada deve aos melhores. Curioso por descobrir o repertório deste agrupamento, acabei por encontrar este álbum.

Se há coisa de que não gosto é que se tente transformar música clássica em popalhada. À primeria vista é o que parece fazer este álbum. Uma miscelânia de transcrições para coro de momentos célebres da música, facilmente reconhecíveis pelo grande público. A verdade porém é que estamos perante um albúm extremamente belo. As transcrições estão extremamente bem cuidadas e o coro, como sempre, claro como água, impecável.

Uma amostra no fonógrafo.

Samuel barber - Agnus Dei- Adagio op.11♪

Accentus
Laurence Equilbey

Wednesday, December 27, 2006

Abbado

Poucas são as oportunidades que temos de testemunhar momentos que farão parte da história da arte. Abbado tem vindo a fazer-nos esse convite todos os anos, durante o verão, em Lucerna.

As suas gravações das sinfonias de Mahler e Bruckner com a orquestra criada para este festival são absolutamente exepcionais.

Todos os seus recentes registos ficarão, de resto, para a história. O seu ciclo das sinfonias de Beethoven em Santa Cecília é já uma referência. Ter Beethoven nas mãos não é tarefa fácil. Beethoven é um compositor de transição, não é carne nem é peixe, não é Haydn nem é Wagner. As referências de interpretação tornam-se confusas, deixando muito espaço para a leitura individual. Abbado monta uma orquestra relativamente pequena, tirando assim partido da riqueza tímbrica dos diferentes instrumentos. Todos cantam, todos se ouvem. As explosões não se fazem por brutalidade mas por construção, os tempos não são arrastados, como na maioria das interpretações modernas, nem demasiado rápidos, como nas interpretações históricas, que parecem por vezes comer algumas notas, destruindo o carácter da própria obra. Abbado faz as escolhas certas. É o maior.

Abbado é o maior e é um fixe. É o maestro mais empático e entusiasmante que já vi actuar. Toda a orquestra o segue como que seduzida pelo seu encanto, a cumplicidade faz-se de sorrisos, da sua expressão facial, do seu gesto.

Dos registos das sinfonias de Mahler gosto em particular da segunda. Anna Larsson é brilhante. Quando em alto mar os marinheiros se apaixonavam pelos cantos da sereias deveria ser algo parecido à sua voz que os hipnotizava. Algo como isto não se recomenda, impõe-se! Deixo-vos o momento final desta sinfonia (a audição com o texto é essencial)



Coro
Rise again, yes, you shall rise again,
my dust, after brief rest!

Coro e Soprano
Immortal life
will be given by Him who called you!

Coro e Soprano
You are sown to bloom again.
The Lord of the harvest goes
and gathers sheaves of us,
who have died.

Contralto e Soprano
O believe, my heart, believe:
Nothing is lost to you!
All you have desired is yours, yes, yours!
Yours, what you have loved and fought for!
O believe, you were not born in vain!
You have not lived or suffered in vain!

Coro
All that is created must perish.
All that has perished rises again.
Cease trembling!



Coro e Contralto
Cease trembling!
Prepare to live!

Contralto e Soprano
O Pain, all-pervading,
I have escaped from you!
O Death, all-conquering,
now you are conquered!

Coro
With wings which I have won
In love’s ardent striving,
I shall soar upwards
to the light which no eye has penetrated!
I shall die in order to live!
Rise again, yes, you shall rise again,
my heart, in an instant!
Your beating
shall lead you to God!

Wednesday, December 20, 2006

A Música de Natal

Estamos a comemorar o nascimento de Jesus Cristo. A chegada da boa nova, o anúncio da salvação. É esta a alegria que declaram os trompetes do Magnificat de J.S. Bach .
Do nascimento de Jesus emerge a certeza de sentido, de confiança. Deus ama-nos e por isso devemos amar-nos uns aos outros. É esta a certeza, a consciência de que não é nesta vida que tudo está em jogo, que faz Mozart o compositor mais próximo do espírito da quadra.


Tuesday, December 19, 2006

Teoria da Conspiração.

Também eu tenho a minha: Mozart era crente, mas não sabia...
As provas? A sua música.

No fonógrafo digital: Ave Verum Corpus

Ave Verum Corpus ♪

Arnold Schoenberg ChoirConcentus

Musicus Wien - Nikolaus Harnoncourt

Monday, December 18, 2006

Lições de Natal

No Natal é suposto aprendermos a ser alguém melhor, mais solidário. Até agora o que a estação trouxe de novo foi lembrar que da minha pequena discoteca ainda não faz parte o Oratório de Natal de Bach. Se o leitor já tiver aprendido alguma coisa estes dias e quiser deixar alguém feliz, adianto já que a versão de René Jacobs é bem boa...

A mim ninguém me cala!!!

Mas tenho andado menos por cá...

As desculpas a quem por cá parou...

Wednesday, December 13, 2006

Proposta para um final de tarde






A pergunta que nos deixa sem resposta quando de outros instrumentos falamos, não deixa qualquer dúvida no que diz respeito à flauta. Este senhor é que é o maior!

Excertos no fonógrafo...



Fonógrafo Digital

Tuesday, December 12, 2006

Mozart

O Nosso Senhor anda outra vez a soprar ao ouvido do Homem. Resta-nos agora rezar para que a tentação da trincadela na maçã não seja muito grande...

http://www.jaygreenbergmusic.com/

No Fonógrafo umas amostras da Quinta Sinfonia.

Mov't I: Allegro Molto ♪
Mov't II: Scherzo: Vivace assai ♪
Mov't III: Fantasia: Lento, quasi Fantasia ♪
Mov't IV: Allegro con brio e deciso ♪
London Symphony Orchestra - José Serebrier

Sunday, December 10, 2006

De que nos fala Gustav Mahler?

Não sei. Não consigo descortinar Mahler. Beethoven ou Mozart consigo encaixar, perceber a linha que constroem. Mahler não.
De que nos fala Gustav Mahler? A sua música, a sua orquestração, não tem espaço para amor, para intimismo, é demasiado grande. Não vislumbro porém um encontro com Deus, a sua exaltação ou procura... Não faço ideia e ainda assim sinto-me absolutamente fascinado pela sua música. Há dias, numa apressada conversa de fim de tarde, o Prof. José António Pinheiro definiu-o como um Homem cheio de infinito. Sinto-o um pouco assim, como alguém que contém o Mundo, que se coloca acima do bem e do mal, compreendendo-os como partes de um mesmo todo, construindo a partir daí. Esta ideia porém esbate-se ao ouvir a sua 2ª sinfonia ,“A Ressureição”. Quando no seu final Mahler clama por sentido, ou melhor, quando afirma-o sem exitações! Quando no final espera-nos a vitória do bem sobre o mal.
De que nos fala Mahler? Não sei, mas não consigo parar de ouvir.

Wednesday, December 06, 2006

Morte em Veneza (post 2)

Dois vídeos:
  • O trailer, para quem ainda não viu.
  • O diálogo essencial, para quem quer recordar ou para quem não viu mas não resiste a espreitar e estragar o filme.

Trailer


Diálogo

Tuesday, December 05, 2006

Hélène Grimaud


estará nos próximos dias 6 e 7 na Gulbenkian. Um concerto livre de risco...

Caixinha 2


Se ao passearem pela rua encontrarem esta caixinha não a deixem fugir,corram atrás dela, agarrem-na com todas as vossas forças e levem-na para casa!!

Monday, December 04, 2006

Brendel esta última quinta

No fonógrafo digital o concerto e o extra. Ando com uns problemas no template e não consigo disponiblizar a música como fazia anteriormente, mas para ouvir basta clicar na faixa.
Não deixa de ser curioso que Brendel escolha Mozart para terminar a sua carreira. Julgo que existem dois tipos de artistas nestas andanças da música clássica. Uns servem-se dela para valer os seus vituosismos e vaidades pessoais, escolhem repertórios que pedem aplausos, que produzam espectáculo. Outros encaram-na com seriedade e embora apeteça dizê-lo, não se colocam ao seu serviço, tratam-na sim conscientes da importância desta na vida do Homem. Brendel é do segundo tipo.



Piano Concerto No.25 In C, KV 503: 1. Allegro maestoso ♪
Piano Concerto No.25 In C, KV 503: 2. Andante ♪
Piano Concerto No.25 In C, KV 503: 2. Allegretto ♪
Extra
Chorale Prelude 'Ich ruf' zu dir, Herr Jesu Christ, BWV 639 ♪
Academy of Saint Martin in The Fields - Marriner
Alfred Bendel - Piano