Monday, September 04, 2006

Protesto desestruturado

Portugal é um país com um claro défice de instrução musical, ainda assim nada (ou muito pouco) é feito. Nem mesmo as instituições públicas que deveriam promover a chamada música clássica parecem saber desempenhar o seu papel. Perpertua-se uma comunidade estática de ouvintes privilegiados, estranhamente desinteressados e subsidiados!?!? São sempre os mesmos nos concertos, vivemos num mundo demasiado pequeno que não parece querer se alargar.
É verdade que a divulgação não é fácil e mesmo a discussão sobre a forma mais apropriada de a fazer é ela, por si mesma, bastante complicada. A música clássica não pode nem deve competir com a pop, ou a rock, o seu lugar é seguramente outro. O problema é que ela é, de facto, inacessível a uma parte muito significativa da população.
A solução passará pela educação, no entanto a música está fora dos planos curriculares. Tenho muitas dúvidas de que essa solução passe pela simples inclusão de um programa músical no currículo escolar. Quando recordo as minhas aulas de português no ensino secundário e não encontro referências a nomes como os de Hermann Hesse, William Golding, Dostoiévsky e Dickens não posso deixar de as colocar. O principal problema é que quem quiser que os seus filhos aprendam música em Portugal, ou vive em Lisboa e consegue ir para o Conservatório Nacional, ou paga quantias absolutamente incomportáveis para o comum dos mortais. Infelizmente a música é ainda hoje vista como um luxo e assim é consumida, como um qualquer outro bem de ostentação de riqueza ou status. Enfim...

6 Comments:

Anonymous Anonymous said...

aulas de português...portuguêêêêssss, rapaz... não é literatura estrangeira que eles devem divulgar.... ha muita literatura portuguesa que fica esquecida...
E além disso, a maior parte da malta lê os apontamentos da europa-américa, por isso tanto faz!!!!

9:57 AM  
Anonymous Anonymous said...

mais ainda: porquê das aulas de portuguÊs se o que questionas é o fraco ensino da música????

9:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

talvez pq se houvessem aulas de musica seriam dados tao maus exemplos de musicos como de escritores nas aulas de portugues!

1:29 PM  
Blogger Renato said...

Olá anonymous, já tivémos esta conversa mas não posso deixar o comentário sem resposta, até para não desiludir quem lê este blog...

"não é literatura estrangeira que eles devem divulgar". Reconheces portanto que as aulas de português não são apenas destinadas a que se escreva bom português mas que passam também, sobretudo no ensino secundário, pelo início e desenvolvimento do conhecimento literário dos alunos. De facto, caso não concordes com isto, terás de ser indiferente à polémica do português ensinado com o Big Brother. (Desde que esteja gramaticalmente correcto não interessa o conteúdo).

Ao reconhecer que a literatura faz parte do currículo dos alunos é de uma tremenda tacanhez que toda a informação se resuma à literatura portuguesa. Não digo que os livros a serem lidos tenham de ser estrangeiros mas é absolutamente ridículo que ao longo de 12 anos de escola nunca oiças falar dos grandes nomes da literatura, não seja dada a ideia daquilo que é e foi o panorama da literatura mundial.
Seria mais ou menos como ensinar música aos alunos portugueses sem Bach ou Beethoven mas, apenas com Bomtempo e Carlos Seixas...

"E além disso, a maior parte da malta lê os apontamentos da europa-américa, por isso tanto faz!!!! " Não posso discordar mais! Nesse caso qualquer discussão é completamente inútil, aliás qualquer programa curricular seria completamente inútil...

"mais ainda: porquê das aulas de portuguÊs se o que questionas é o fraco ensino da música????"
Utilizo o exemplo do mau serviço prestado à literatura como analogia ao mau serviço que seria prestado ao ensino da música.

4:19 AM  
Anonymous Anonymous said...

atençao: o teklado nao eskreve a 3a letra do alfabeto, por isso há tts k's por aí!!

"Tenho muitas dúvidas de que essa solução passe pela simples inclusão de um programa músical no currículo escolar. Quando recordo as minhas aulas de português no ensino secundário e não encontro referências a nomes como os de Hermann Hesse, William Golding, Dostoiévsky e Dickens não posso deixar de as colocar"
porquê a analogia??
Ah e tal, duvido que baste por musika no programa eskolar, porque não falei de grandes eskritores a português???? Desulpa lá, mas q ponto é que estás a querer firmar?? Pode subentender-se, mas fazias melhor s tivesses posto de outra maneira...

mas adiante..entendi a ideia – insurges-te kontra o konteudo das aulas de portugues e pk deskobriste tardiamente a musika erudita e akhas k devias te-lo aprendido na eskola...

klaro que sim.. tb gostava muito que isso tivesse akontekido, mas isso é impratikável...

tanto pela questão horária, komo pela propria planifikação das diskiplinas – admites que se tenha aulas de tudo aquilo que devemos saber - por essa ordem de ideias, o sekundário teria de ter 4 ou 5 anos, porque todos devemos saber dos grandes klássikos, tanto da musika komo da literatura, bem komo do kinema – komo é que kheguei à fakuldade sem konheer bergman???, porque o fato de eskolher letras não me devia privar da matemátika, nem o eskolher ekonomia me devia privar da fisika, da kimika, da biologia, da geometria, nem o eskolher kienkias me devia privar da filosofia, ekonomia e direito...historia!!porra...será que aprofundei os akontekimentos do séulo XX? Komo é que se vivia na mesopotâmia, mesmo?? ... se quiser saber, vou à prokura!! não dá! Não se pode exigir que tudo nos seja entregue... pode haver umas aulas extra-kurrikulares sobre musika e literatura e fisika e ekonomia....mas não pode esperar-se que seja providenkiado pelo estado, só porque é kultura geral.... não é razoável pedí-lo....

e, por favor, pára de komparar o inkomparável “Seria mais ou menos como ensinar música aos alunos portugueses sem Bach ou Beethoven mas, apenas com Bomtempo e Carlos Seixas...”– adoras ir buskar exemplos absurdos para servir de provas kabais aos teus argumentos: é obvio que não dá para aprender musika sem bethoven ou mozart... Quando tens aulas de músika, não faz sentido não falar das grandes kontribuiçoes, não kontextualizar autores, épokas, estilos... da mesma forma que quando tens Literatura se não abdika dos klassikos e de kontextualizá-los... MAS português B é português B! Falas de autores portugueses porque konvem que saibas analisar eskrita e o melhor para faze-lo é através de grandes obras (mesmo q gostemos mais de umas do que de outras, obrem-se diferentes formas e estilos de eskrita e diferentes autores) – matas dois koelhos de uma kajadada – não podes fazê-lo kom autores estrangeiros, porque aí dependes da qualidade das traduçoes...

7:15 AM  
Blogger Renato said...

“entendi a ideia – insurges-te kontra o konteudo das aulas de portugues e pk deskobriste tardiamente a musika erudita e akhas k devias te-lo aprendido na eskola...”

Não entendeste. O que disse foi que a literatura quando passa, não passa bem, ou melhor passa muito incompleta.
Encaro isso como mau presságio para a inclusão de música no plano curricular.



“klaro que sim.. tb gostava muito que isso tivesse akontekido, mas isso é impratikável...”

Julgo que não. Até mesmo tu sugeres mais à frente uma boa ideia. Dar essa possibilidade como actividade extra-curricular. Isso seria possível! Aliás seria mesmo recomendável, mais do que a sua inclusão no currículo escolar obrigatório. Nisso estamos de acordo.



“MAS português B é português B! Falas de autores portugueses porque konvem que saibas analisar eskrita e o melhor para faze-lo é através de grandes obras”

Não disse nada contra isto, até sou a favor. O que eu disse:
“Não digo que os livros a serem lidos tenham de ser estrangeiros mas é absolutamente ridículo que ao longo de 12 anos de escola nunca oiças falar dos grandes nomes da literatura”.




“não pode esperar-se que seja providenkiado pelo estado, só porque é kultura geral.... não é razoável pedí-lo....”

Aqui entraríamos numa outra questão, bem mais complicada e que passa pela total definição dos planos escolares, que sim, considero muito deficiente.
Ainda assim deves reparar no que foi dito no post.
“A solução passará pela educação, no entanto a música está fora dos planos curriculares. Tenho muitas dúvidas de que essa solução passe pela simples inclusão de um programa musical no currículo escolar.”
Não disse que a solução passa pela introdução da música no ensino obrigatório, afirmo mesmo que tenho reservas quanto a isso. Educação não é sinónimo de sistema de ensino.
O problema, e assim terminei o post, é que aprender música em Portugal é um luxo, e não deveria ser assim.

7:16 AM  

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